quinta-feira, 16 de junho de 2011

Fragmentos...

                                                                          05 de novembro de 2007

            Meu caro amigo, esta é minha última noite. E pretendo gastar minhas últimas horas te escrevendo essas linhas.
            “Por que eu?”, você deve estar se perguntando. Mas a resposta é bem simples: você silenciou minha besta interior quando mais precisei, impedindo-me de fazer outrora aquilo que hoje me arrependo de ter feito, sei que se estivesse ao meu lado na noite passada eu ainda teria motivos para viver centenas de anos. Quero que saiba de meu último destino, Willian. Agora sem mais delongas, vou descrever como conheci o céu antes de cair nos braços do Diabo.

            Era mais um sábado como muitos outros, mais uma daquelas festas idiotas cheias de parasitas buscando seu lugar na coluna social. O cheiro de cigarro e bebida me doía as narinas todas as vezes que, para manter as aparências, precisava respirar. Stradivarious como sempre se divertia a encantar algumas mortais de alta classe, provavelmente filhas de algum político ou criminoso da cidade, não que eu encontre alguma diferença nesses vermes. Kurt cuidava de confundir com suas teorias absurdas alguns apostadores em uma mesa ao canto. Enquanto isso, eu conversava com Felipe, o anfitrião, que, por mais que tentasse disfarçar, deixava escapar que aquele momento nada mais era que uma forma de parecer importante diante da sociedade mortal e cainita de sua nova cidade.
            Cansado das conversas sem sabor daquelas serpentes sem honra, resolvi fingir me interessar por aquela música sem vida que os jovens tanto veneram (gostaria de entender como ainda não estão surdos após ouvir ininterruptamente tantas batidas graves seguidas daquelas notas extremamente agudas).
            Eram três e quinze e realmente precisava me livrar daquela companhia indesejável, foi quando, no caminho para o carro, fui presenteado por uma visão que nem “aquele acima” pode roubar de minha mente: ela estava defronte à estátua de um anjo de mármore. Sua mão direita acariciava a obra de modo que sua pele pálida se confundia com o branco do anjo. Seus cabelos castanhos esvoaçavam sob efeito de uma tênue brisa de verão. Seu vestido negro, tão ligado ao corpo, parecia parte dele, fazendo de suas curvas algo tão atraente quanto o vitae da primeira noite. Mas o que mais me chamou a atenção foram seus olhos. Há cento e cinquenta e três anos fui privado de ver a luz do sol e foram aqueles olhos que me trouxeram o sol de volta, de modo que quase podia sentir seu calor enquanto o sangue corria rápido em minhas veias.
            O que preciso que entenda é que eu poderia usar de meus dons e trazê-la para mim em menos de um minuto. Poderia fazê-la acreditar que me amava e assim ela morreria afirmando isso como se fosse algo tão certo quanto a cor do sangue. Isso não bastaria, precisava conquistá-la. Ela precisava estar comigo por vontade, uma paixão verdadeira como nunca antes eu conseguira. E assim aconteceu, nos seis meses seguintes Beatriz e eu vivemos num paraíso em redoma de vidro onde só cabiam dois.
            No entanto, o tempo passa e leva consigo os sonhos que sempre soubemos que não nos cabia sonhar. Em determinada noite, Beatriz chegou a meu apartamento pouco após o escurecer. Como não me encontrou em casa, já que a porta de meu aposento permanecia sempre bem lacrada, resolveu me esperar em minha biblioteca, largada em minha poltrona de veludo vermelho com bases douradas.
            Acordei naquela noite ávido por vitae, já que na anterior tinha ficado todo o tempo ao lado de Beatriz, que se sentia doente, o que impossibilitou minha alimentação. Chegando a uma das salas, ouvi o som convidativo de tambores afinados seguidos de uma suave respiração, segui meus instintos e me vi em minha biblioteca frente a minha deusa, a dona de meus sonhos e senhora de meus pensamentos. Beijei seus lábios e toquei sua pele macia como se minha existência dependesse disso. Perdi meus dedos nas mechas de seus longos cabelos, deslizando minhas mãos às suas costas enquanto meus lábios desciam sobre seu queixo e encontravam o pulsar barulhento de suas veias.
            Um gemido de êxtase em meu ouvido me trazia de volta à sala. Afastando o rosto, pude ver o pecado que acabara de cometer. Meu anjo de porcelana estava inerte em meus braços, seus lábios já não eram como rosas, tomavam agora um tom esbranquiçado e sem sabor. Seus olhos, que antes me traziam a luz de um verão distante, apagaram-se e agora eram como delicadas esferas de vidro castanho-esverdeado. O sangue fervia em minhas veias de modo que não conseguia me concentrar direito no que estava acontecendo, e, largando aquele corpo, pude ver em uma poltrona rubra a obra mais perfeita que meus malditos olhos um dia viram. Pude ver a mulher que tanto amei agora sem vida, perfeitamente largada sobre o móvel. Cada luz, cada cor, cada tom presente, contribuía para a beleza daquele momento.
            Saí de casa apressado e passei a noite inteira vagando pelos becos fétidos dessa cidade imunda e agora aqui estou eu escrevendo essa carta me despedindo da desgraça que fui. Vou me encontrar com o sol em algumas horas, para, em um último momento, poder lembrar o sol dos olhos de Beatriz, aquela que amei, amo e, mesmo no inferno, sempre hei de amar.
                                                                                                                                 Algustus  Leony.







            Algustus se entregou ao sol na manhã do dia 05/11/2007. Recebi essa carta um dia depois por meio de Rubi, uma de minhas carniçais, e estou repassando ela a você, pois para mim ela não possui nenhum valor. Alguém tão fraco ao ponto de se entregar ao sol não é exatamente alguém que eu posso chamar de amigo, por mais nobres que pareçam os motivos de sua fraqueza. Faça um bom proveito dela, Kurt.
            Muitos receberam o dom, mas poucos nasceram para a eternidade. Sinceramente não estou bem certo de que o “amor” faça parte de nossa natureza. Alimentamo-nos deles todas as noites para continuar entre eles. Somos o topo da “cadeia alimentar” e eles ainda acreditam estar no poder, mas, quando menos esperamos, um deles acaba encantando um dos nossos.
            Espero que aquele Toreador idiota tenha aproveitado bem seus últimos seis meses e que o inferno realmente exista para que ele possa se arrepender de sua estupidez.


                                             Willian Halfdan (O sangue de gelo)  
                                                                                 


Por: Eduardo Vieira

domingo, 12 de junho de 2011


Na Madrugada...

     

        Na madrugada a cidade está dormindo, ou ao menos parte dela, posso andar sem esbarrar, admirar a cidade, sem as pessoas pra deixar a rua cheia, feia, com todos os sons desnecessários tão desconfortáveis.
        Na madrugada o vento sopra diferente, me traz lembranças de um passado próximo e move planos de um futuro ainda mais próximo. 
        Na madrugada a lua brilha diferente transformando cada sombra em um novo espetáculo esperando para ser apreciado.
        Na madrugada cada cheiro é algo novo, traz segredos, mostra a real personalidade de cada pessoa, rua, esquina.
        Na madrugada meus passos soam diferentes num som ritmado que me embala por entre todos os outro pequenos ruídos.
        Na madrugada até o beijo me parece mais doce, mais intimo e livre de pudores.


        Na madrugada tudo me parece diferente, lembranças, cheiros, cores, sons e sabores se transformam na madrugada...


        Eduardo Vieira

segunda-feira, 6 de junho de 2011



X-Men First Class 

                                                                       

        Quando ouvi que iam fazer mais um filme de X-Men não fiquei nem um pouco animado, depois do besteirol que foi o filme 3 não esperava nada de realmente relevante, mesmo quando soube que seria dirigido por Matthew Vaughn, um cara que ao mesmo tempo tem o fiasco do Stardust e o excelente Kick-Ass nas costas.
        Quando começaram a sair os teasers e trailers as coisas começaram a melhorar, a estética do filme tinha algo diferente embora eu ainda estivesse meio desconfiado, já que leio X-Men desde pirralho e não curto quem estraga o que eu gosto.
        Uma semana antes da estréia tive uma grande surpresa, vários comentários positivos em relação ao filme em diversos sites que abordam cinema. Na ultima sexta (03/06/2011), minha cabeça explodiu completamente com um dos melhores filmes de super-heróis que já vi.

Motivos pra gostar: Ao invés de tratar as cenas de ação como base para o filme, o First Class mostra em primeiro lugar os personagem, de modo a respeitar as diferenças de cada um deles. Uma coisa que se notava nos outros filmes é que os personagens simplesmente apareciam sem nenhum drama pessoal, e toda a interação ficava mega forçada, quando não, vc via um personagem numa cena de 3 segundos e ficava pensando, será que aquele era mesmo o carinha que aparece naquela edição daquele QH?    
        O First Class dá uma vida a cada um dos personagens, vc entende o drama pessoal que faz com que o Erick se torne Magneto, assim como compreende a cumplicidade entre ele e o Professor X. Os outros personagens tbm tem seu espaço, em destaque a Mistica e o Banshee (o qual nunca vi a menor graça nas HQ's). Os vilões, por sua vez, nem são muito overpowers nem fracotes (como em Iron Man), exceto o Sebastian Shaw que realmente precisava ser muito forte já que ele era o boss do vilões.
        Por fim tenho que salientar a perfeição e a naturalidade da atuação do Michael Fassbender  (o qual eu já tinha curtido bastante no Bastardos Inglórios) e do Kevin Bacon, os dois roubam realmente o filme pra eles, seguidos de perto pelo James McAvoy e a Jennifer Lawrence.

Motivos ficar chateado: Puxa vida, precisava ficar tão preso a ideia que esse filme viria a dar origem aos outros? Precisava conservar a aparência da Mistica a mesma, e ter "easter eggs" de outros filmes?  
        Faltou um pouco mais de coragem pra assumir esse filme como um reboot da série e esquecer os outro três filmes, o diretor teria ainda mais liberdade de trabalhar os personagens e o filme poderia ficar ainda melhor dando abertura pra sequencias bem mais interessantes. Só pra concluir, espero que eles nunca mais tentem mostrar o Fera jovem, tentaram aproximar a estética do personagem ao novo traço do Fera nas HQ's mas ainda não chegou lá.


Eduardo Vieira

domingo, 5 de junho de 2011

Primeiramente...

        A ideia desse de criar esse espaço é gerar discussões sobre assuntos nem sempre tão relevantes que venham a pôr em funcionamento meu cérebro positrônico. Então, puxem uma cadeira, peçam uma bebida, acendam um cigarro e tentem não entrar em pânico...